“O
mundo é um lugar perigoso para se viver, não exatamente por causa das pessoas
que são más, mas por causa das pessoas que não fazem nada quanto a isso.”
-Albert Einstein
Nada de devaneios, o assunto agora é sério. Ainda que tardiamente,
gostaria de deixar registrada minha indignação com a eleição do deputado Marco
Feliciano (PSC-SP) à Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos
Deputados. Não é necessário muito esforço para que se perceba a incoerência e a
gravidade da eleição do Pastor Feliciano a um cargo tão importante.
Uma rápida busca na internet proporciona inúmeras informações mais detalhadas
acerca da conduta questionável e repugnante do Pastor, tais como declarações
racistas e homofóbicas, sustentando que os africanos descendem de um ancestral
amaldiçoado de Noé e que a AIDS é o “câncer gay”. Tudo isso veiculado em redes
sociais (o que é mais preocupante, tendo em vista o alcance e a repercussão de tamanhos
absurdos) e em suas pregações (ou discursos que marginalizam e propagam o ódio,
sendo mais preciso).
Feliciano ainda protagoniza um vídeo perturbador e
revoltante no qual recebe contribuições dos fiéis, dentre eles um cadeirante, e
ainda profere as seguintes palavras: “é
a última vez que eu falo. Samuel de Souza doou o cartão, mas não doou a senha.
Aí não vale. Depois vai pedir o milagre pra Deus e Deus não vai dar e vai falar
que Deus é ruim”. Somado a tudo isso, o Pastor é acusado em um inquérito e figura como réu em um processo
no STF, respondendo por homofobia e estelionato respectivamente (isso mesmo, estelionato, o
famoso “171”, em referência clara ao respectivo artigo do Código Penal). Provavelmente
você já ouviu falar desses fatos. E se não está convicto, caro leitor, sugiro
mais uma vez uma rápida busca na internet utilizando o nome do Pastor e garanto
que obterá como retorno material suficiente para fazer com que qualquer um
perca o sono. Informe-se, abra os olhos enquanto há tempo!
É importante ressaltar que a Câmara dos Deputados é a Casa
legislativa que reúne os representantes do povo brasileiro. E a formação da
população do nosso país é inegável e majoritariamente negra. Não lhes soa
incoerente que o indivíduo eleito para a cadeira supracitada na Câmara de um
país cuja população é tão miscigenada se dedique a macular e a denegrir
publicamente a imagem de negros e homossexuais, em vez de lutar contra as
injustiças das quais estes são vítimas e de defender seus direitos básicos
enquanto seres humanos? É isso que se esperaria de um presidente de uma
Comissão tão importante, mas é justamente o contrário disso que se pode esperar
de Feliciano. Porque ele próprio já deixou claros os seus posicionamentos
descabidos. Eu digo sem receio de ser injusto que o Pastor não me representa,
que ele não representa quem quer que seja; mais do que isso, o que salta aos
olhos de quem não se rende à alienação é que ele está lá para representar seus
próprios interesses.
Alguns evangélicos da sua própria seita, inclusive, que não se cegaram pelo
fanatismo, manifestaram-se de forma contrária à sua eleição. Basta assistir ao
vídeo já mencionado, no qual Feliciano recebe contribuições financeiras dos
fiéis, para se deparar com uma figura que se aproveita da fé e da ingenuidade
de pessoas mais humildes e bem intencionadas. Não estou inventando fatos, você
que me lê pode comprová-los a qualquer momento com um pouco de boa vontade e
sensatez.
A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva defende em seu livro “Mentes Perigosas”,
que retrata as diversas nuances da psicopatia, que “muito mais que apelar para
o nosso sentimento de medo, os psicopatas, de forma extremamente perversa,
apelam para a nossa capacidade de sermos solidários. Eles se utilizam de nossos
sentimentos mais nobres para nos dominar e controlar. Os psicopatas se
alimentam e se tornam poderosos quando conseguem nos despertar piedade”. Além
disso, dentre os psicopatas típicos, ela destaca em sua obra os políticos
corruptos e alguns líderes religiosos, por exemplo, enquanto indivíduos que se
aproveitam da boa-fé alheia. É notório que alguns desses líderes chegam ao
cúmulo de aceitar que seus seguidores doem tudo o que possuem como gesto de
caridade sem, contudo, tirar um centavo do próprio bolso em prol dos mais
necessitados.
O senso comum associa a imagem do psicopata à de um homicida, mas poucos chegam
ao extremo de cometer tal crime; a minoria deles suja as mãos de sangue, mas
todos, sem exceção, são exploradores e convincentes em seus discursos. Não
quero e não posso afirmar que Marco Feliciano é um psicopata, posto que tal
diagnóstico é difícil de ser confirmado até mesmo para os profissionais
competentes, mais ainda para leigos como eu. Defendo, todavia, que a conduta do
Pastor apresenta, sim, traços evidentemente psicopáticos. Manipulador,
influente, aproveitador – tudo isso é alarmante, inaceitável e incompatível com
alguém que represente de maneira justa e digna o tão plural povo brasileiro.
Não se trata de uma eleição que repercuta negativamente apenas para os negros e
os homossexuais, mas que deveria, em vez disso, gerar um incômodo a todos os
que têm bom senso e que, independentemente de sua religião, sejam contra
preconceitos e injustiças, reconhecendo o outro enquanto pessoa dotada de direitos
fundamentais, digna de ser tratada com respeito e igualdade, seja qual for a
cor da sua pele ou a sua sexualidade, sua forma de amar. É clichê o que vou
dizer, mas nada disso mancha a reputação ou enfraquece o caráter de um
indivíduo, ao contrário das atitudes abomináveis do referido Pastor, que passam
um recibo podre de sua verdadeira imagem.
Tenho notado, para minha grata surpresa, que a internet ainda se mostra uma
ferramenta muito útil para a mobilização das pessoas, que, salvas lamentáveis
exceções, estão cada vez mais cientes de seus direitos e têm uma capacidade de
discernimento suficiente para escapar dos grilhões escravizadores da alienação
e para assinar petições online, realizar campanhas em combate ferrenho a todos
esses recentes absurdos e até mesmo para se arriscarem e ir às ruas em
manifestações que merecem ser aplaudidas de pé.
A eleição de Feliciano é um
sapo venenoso demais para se engolir de braços cruzados. Do Oiapoque ao Chuí,
inúmeras pessoas manifestam sua revolta, se posicionam, dão a cara a tapa, como
faço agora. E acho que esse é o caminho. Espero sinceramente que tais gritos de
indignação ecoem cada vez mais ensurdecedores pelo país e que façam ruir o
castelo que o Pastor Marco Feliciano começou a construir às custas da boa-fé alheia.
Nada de devaneios, o assunto agora é sério. Ainda que tardiamente, gostaria de deixar registrada minha indignação com a eleição do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) à Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Não é necessário muito esforço para que se perceba a incoerência e a gravidade da eleição do Pastor Feliciano a um cargo tão importante.
Uma rápida busca na internet proporciona inúmeras informações mais detalhadas acerca da conduta questionável e repugnante do Pastor, tais como declarações racistas e homofóbicas, sustentando que os africanos descendem de um ancestral amaldiçoado de Noé e que a AIDS é o “câncer gay”. Tudo isso veiculado em redes sociais (o que é mais preocupante, tendo em vista o alcance e a repercussão de tamanhos absurdos) e em suas pregações (ou discursos que marginalizam e propagam o ódio, sendo mais preciso).
Feliciano ainda protagoniza um vídeo perturbador e revoltante no qual recebe contribuições dos fiéis, dentre eles um cadeirante, e ainda profere as seguintes palavras: “é a última vez que eu falo. Samuel de Souza doou o cartão, mas não doou a senha. Aí não vale. Depois vai pedir o milagre pra Deus e Deus não vai dar e vai falar que Deus é ruim”. Somado a tudo isso, o Pastor é acusado em um inquérito e figura como réu em um processo no STF, respondendo por homofobia e estelionato respectivamente (isso mesmo, estelionato, o famoso “171”, em referência clara ao respectivo artigo do Código Penal). Provavelmente você já ouviu falar desses fatos. E se não está convicto, caro leitor, sugiro mais uma vez uma rápida busca na internet utilizando o nome do Pastor e garanto que obterá como retorno material suficiente para fazer com que qualquer um perca o sono. Informe-se, abra os olhos enquanto há tempo!
É importante ressaltar que a Câmara dos Deputados é a Casa legislativa que reúne os representantes do povo brasileiro. E a formação da população do nosso país é inegável e majoritariamente negra. Não lhes soa incoerente que o indivíduo eleito para a cadeira supracitada na Câmara de um país cuja população é tão miscigenada se dedique a macular e a denegrir publicamente a imagem de negros e homossexuais, em vez de lutar contra as injustiças das quais estes são vítimas e de defender seus direitos básicos enquanto seres humanos? É isso que se esperaria de um presidente de uma Comissão tão importante, mas é justamente o contrário disso que se pode esperar de Feliciano. Porque ele próprio já deixou claros os seus posicionamentos descabidos. Eu digo sem receio de ser injusto que o Pastor não me representa, que ele não representa quem quer que seja; mais do que isso, o que salta aos olhos de quem não se rende à alienação é que ele está lá para representar seus próprios interesses.
Alguns evangélicos da sua própria seita, inclusive, que não se cegaram pelo fanatismo, manifestaram-se de forma contrária à sua eleição. Basta assistir ao vídeo já mencionado, no qual Feliciano recebe contribuições financeiras dos fiéis, para se deparar com uma figura que se aproveita da fé e da ingenuidade de pessoas mais humildes e bem intencionadas. Não estou inventando fatos, você que me lê pode comprová-los a qualquer momento com um pouco de boa vontade e sensatez.
A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva defende em seu livro “Mentes Perigosas”, que retrata as diversas nuances da psicopatia, que “muito mais que apelar para o nosso sentimento de medo, os psicopatas, de forma extremamente perversa, apelam para a nossa capacidade de sermos solidários. Eles se utilizam de nossos sentimentos mais nobres para nos dominar e controlar. Os psicopatas se alimentam e se tornam poderosos quando conseguem nos despertar piedade”. Além disso, dentre os psicopatas típicos, ela destaca em sua obra os políticos corruptos e alguns líderes religiosos, por exemplo, enquanto indivíduos que se aproveitam da boa-fé alheia. É notório que alguns desses líderes chegam ao cúmulo de aceitar que seus seguidores doem tudo o que possuem como gesto de caridade sem, contudo, tirar um centavo do próprio bolso em prol dos mais necessitados.
O senso comum associa a imagem do psicopata à de um homicida, mas poucos chegam ao extremo de cometer tal crime; a minoria deles suja as mãos de sangue, mas todos, sem exceção, são exploradores e convincentes em seus discursos. Não quero e não posso afirmar que Marco Feliciano é um psicopata, posto que tal diagnóstico é difícil de ser confirmado até mesmo para os profissionais competentes, mais ainda para leigos como eu. Defendo, todavia, que a conduta do Pastor apresenta, sim, traços evidentemente psicopáticos. Manipulador, influente, aproveitador – tudo isso é alarmante, inaceitável e incompatível com alguém que represente de maneira justa e digna o tão plural povo brasileiro.
Não se trata de uma eleição que repercuta negativamente apenas para os negros e os homossexuais, mas que deveria, em vez disso, gerar um incômodo a todos os que têm bom senso e que, independentemente de sua religião, sejam contra preconceitos e injustiças, reconhecendo o outro enquanto pessoa dotada de direitos fundamentais, digna de ser tratada com respeito e igualdade, seja qual for a cor da sua pele ou a sua sexualidade, sua forma de amar. É clichê o que vou dizer, mas nada disso mancha a reputação ou enfraquece o caráter de um indivíduo, ao contrário das atitudes abomináveis do referido Pastor, que passam um recibo podre de sua verdadeira imagem.
Tenho notado, para minha grata surpresa, que a internet ainda se mostra uma ferramenta muito útil para a mobilização das pessoas, que, salvas lamentáveis exceções, estão cada vez mais cientes de seus direitos e têm uma capacidade de discernimento suficiente para escapar dos grilhões escravizadores da alienação e para assinar petições online, realizar campanhas em combate ferrenho a todos esses recentes absurdos e até mesmo para se arriscarem e ir às ruas em manifestações que merecem ser aplaudidas de pé.
A eleição de Feliciano é um sapo venenoso demais para se engolir de braços cruzados. Do Oiapoque ao Chuí, inúmeras pessoas manifestam sua revolta, se posicionam, dão a cara a tapa, como faço agora. E acho que esse é o caminho. Espero sinceramente que tais gritos de indignação ecoem cada vez mais ensurdecedores pelo país e que façam ruir o castelo que o Pastor Marco Feliciano começou a construir às custas da boa-fé alheia.
Olá Alexandre... partilho das suas ideias expostas... acredito sim que as redes sociais também devem ser uitlizadas para promover a liberdade de expressão. Acredito ainda, que o seu pensamento aqui apresentado é digno de ser exposto aos demais, desta forma compartilho ele na minha página do facebook, onde também exponho algumas opiniões... https://www.facebook.com/MeninasMovidasPelaRaiva?ref=hl
ResponderExcluirDeste já te parabenizo pela sensibilidade em acreditar em dias melhores...através da mobilização. :)
Muito obrigado pela leitura e pelo comentário, Keity Marrone! Grato também pelo compartilhamento. É bom saber que ainda há gente que não transpira o senso comum, que não se deixa cegar pela alienação e se permite questionar, refletir, opinar com sensatez. Esse é o principal caminho para que os dias melhores a que se referiu cheguem! Sucesso! (:
Excluirhttp://burguesiabrasileira.blogspot.com.br/2013/07/progredir-e-nao-regredir.html Boa noite, adorei seu textos. Se tiver a oportunidade, te convido a ler o meu também =) obrigada.
ResponderExcluirBoa tarde, Anna Figueredo! Fico muito grato e contente ao saber que gostou dos meus textos. Obrigado pelo comentário também! Já li o seu, sim; achei espontâneo e sensato, na medida em que deixa uma reflexão pertinente para que o preconceito seja abolido. Continue escrevendo! ;)
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