domingo, 12 de maio de 2013

A Encarnação do Amor Sem Limites


Dedicado à única rainha que reverenciarei até a morte.

     Em dias como este, a gente se dá conta de que nosso cordão umbilical pode até ter sido cortado logo após o parto, mas a ligação que ele estabelecia não é meramente física. Trata-se de um vínculo muito maior, que não se corta com o tempo, com a distância ou com qualquer outra adversidade que a vida venha a apresentar. E se por algum momento duvidamos de que existe amor sem limite, basta que nos lembremos de que na sombra de todo ser humano se reflete, luminosa, a imagem de uma mulher sem igual: a mãe.
     As mais belas palavras são semanticamente ineficazes para traduzir minha eterna gratidão a quem me protegeu e aguardou minha chegada por longos nove meses, e que ainda hoje me protege com o calor dos seus sinceros sentimentos. Senhora do tempo, fez-se insubstituível em meu passado, o é em meu presente e assim sempre será. Seu único defeito é ser mortal; todavia, me é eterna.
     Abdicou da própria vaidade ao perceber as alterações no corpo decorrentes da gravidez até o momento em que, em mais uma singela prova de amor, suportou as dores do parto. Dores intensas, presumo, mas proporcionais à alegria de que desfrutou ao sentir-me em seus braços,
todo frágil e assustado. Começava ali uma nova jornada de muitos sorrisos, lágrimas e amores recíprocos.
     Amamentou-me, aqueceu-me, acompanhou meus primeiros passos, ergueu-me e conteve meu pranto decorrente das inevitáveis quedas. Ouviu minhas primeiras palavras soarem como música para seus ouvidos, vibrou diante de cada uma das minhas conquistas pessoais, não economizando sorrisos e emoção. Quando precisou ser forte para me encorajar, secou minhas lágrimas. Quando não conseguiu, chorou comigo. Dessa forma, nunca se mostrou alheia a nada do que me ocorreu. É  por tudo isso que deixo registrada aqui uma parte de todo o meu amor e admiração, que só fazem crescer com o passar dos anos.
     
     E que aqueles cujas mães já não se encontram entre nós se sintam abraçados e confortados pelo fato de que, se chegaram a ser as pessoas bem sucedidas de hoje, grande foi a contribuição da mulher que os gerou para tal resultado. Ainda que não tenham convivido com a figura materna, a Genética corrobora o que acabei de dizer, bem como a certeza de que a vida que lhes foi concedida já é uma incontestável prova de amor.


sábado, 4 de maio de 2013

Sob o Brilho do Luar



"Que haverá com a lua que sempre que a gente a olha
é com o súbito espanto da primeira vez?"
                                                                   - Mário Quintana




  





      O Sol começa a se recolher e ela vai ganhando evidência. Quer exibir-se majestosa como nunca, inundando a imensidão com sua aura de mistério. A Lua, dádiva divina para deleite dos mortais, fonte de inspiração para os poetas da alma, hipnotiza os apaixonados e ilumina as mais doces serenatas.
      É por isso que ficamos ali, inertes, sentados lado a lado sobre a grama de qualquer lugar, por horas a fio. Nenhuma palavra, diante da certeza de que qualquer ruído alheio aos da própria noite pode comprometer a magia do momento. Palavras são desnecessárias. Bastam nossos olhares emocionados voltados para aquela beleza incomparável, nossos corpos quase colados, os sentimentos que nos unem e ela, a Lua, testemunha silente de incontáveis juras de amor.
      O fascínio é tanto que ergo um dos meus braços em direção ao céu, em vão. Por um breve momento desejei tocá-la, queria poder ter todo aquele brilho entre meus dedos, ainda que momentaneamente. Queria, sobretudo, poder entregá-la a quem suspira comigo diante de tal espetáculo gratuito. Concluo, porém, que sou pequeno e imperfeito demais para ter tamanha oportunidade.
      Depois de ousar obtê-la, pondero e percebo a injustiça de retirar toda aquela beleza do céu que contemplamos: seus outros admiradores ficariam naturalmente inconsoláveis! Melhor deixá-la logo ali, ao quase-alcance de todos. Enquanto isso, satisfaço-me com as estrelas que vejo ao explorar o céu da sua boca em mais um beijo, ainda que de olhos fechados. Isto pouco importa; durante a noite, pouco se vê com os olhos, muito mais com o coração. Agora, é a Lua que nos admira e nos brinda com a sua reluzente cumplicidade.
      E quem nos vê de longe assim, na penumbra, tão próximos e com a Lua logo ao fundo, tem a ligeira impressão de que estamos nos amando dentro dela. Um sonho que pode se tornar realidade todas as noites, até o amanhecer.