sábado, 4 de maio de 2013

Sob o Brilho do Luar



"Que haverá com a lua que sempre que a gente a olha
é com o súbito espanto da primeira vez?"
                                                                   - Mário Quintana




  





      O Sol começa a se recolher e ela vai ganhando evidência. Quer exibir-se majestosa como nunca, inundando a imensidão com sua aura de mistério. A Lua, dádiva divina para deleite dos mortais, fonte de inspiração para os poetas da alma, hipnotiza os apaixonados e ilumina as mais doces serenatas.
      É por isso que ficamos ali, inertes, sentados lado a lado sobre a grama de qualquer lugar, por horas a fio. Nenhuma palavra, diante da certeza de que qualquer ruído alheio aos da própria noite pode comprometer a magia do momento. Palavras são desnecessárias. Bastam nossos olhares emocionados voltados para aquela beleza incomparável, nossos corpos quase colados, os sentimentos que nos unem e ela, a Lua, testemunha silente de incontáveis juras de amor.
      O fascínio é tanto que ergo um dos meus braços em direção ao céu, em vão. Por um breve momento desejei tocá-la, queria poder ter todo aquele brilho entre meus dedos, ainda que momentaneamente. Queria, sobretudo, poder entregá-la a quem suspira comigo diante de tal espetáculo gratuito. Concluo, porém, que sou pequeno e imperfeito demais para ter tamanha oportunidade.
      Depois de ousar obtê-la, pondero e percebo a injustiça de retirar toda aquela beleza do céu que contemplamos: seus outros admiradores ficariam naturalmente inconsoláveis! Melhor deixá-la logo ali, ao quase-alcance de todos. Enquanto isso, satisfaço-me com as estrelas que vejo ao explorar o céu da sua boca em mais um beijo, ainda que de olhos fechados. Isto pouco importa; durante a noite, pouco se vê com os olhos, muito mais com o coração. Agora, é a Lua que nos admira e nos brinda com a sua reluzente cumplicidade.
      E quem nos vê de longe assim, na penumbra, tão próximos e com a Lua logo ao fundo, tem a ligeira impressão de que estamos nos amando dentro dela. Um sonho que pode se tornar realidade todas as noites, até o amanhecer.



3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Muito tocante sua descrição sobre o luar, gostei muito da forma que sua prosa poética expõe as emoções sentidas pelo narrador-personagem... Universalizou o ser, universalizou as sensações e eu me senti dentro da narrativa, admirando a lua e toda a magia que ela nos passa. Parabéns =]

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    1. Oi, Michael! Agradeço de coração pelo seu comentário... é muito gratificante abrir uma publicação e perceber que alguém dedicou um pouco do seu tempo à leitura e, mais do que isso, a deixar palavras tão gentis e carinhosas. E é uma alegria imensurável perceber, sobretudo, que os leitores se envolvem com o que é proposto; algo deveras precioso quando ocorre com alguém com sua sensibilidade e com o seu conhecimento. Muito obrigado! ^^

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