quinta-feira, 15 de maio de 2014

A Criatura (im)Perfeita


"Tudo evolui; não há realidades eternas, tal como não há verdades absolutas".
  - Friedrich Nietzsche em "Humano, Demasiadamente Humano".

 

"Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos se a tivéssemos. O perfeito é o desumano porque o humano é imperfeito".
- Fernando Pessoa.




       


      Não esperem que eu seja um anjo, nem me demonizem. Não pressuponham que eu vá compreender e aceitar tudo, tampouco tenham medo que eu seja tirânico e que faça julgamentos precipitados.  Não me subestimem, nem superestimem – não sou perfeito, mas também acerto muito na vida. Escrevo certo por linhas tortas, sem pressa, mas fazendo novidade a cada segundo. Aprendo e ensino dia a dia. Suscito a dúvida e encontro a resposta; tenho em mim o grito inaudível e o silêncio ensurdecedor.       
      Não queiram que eu me emocione, me apaixone, ame ou demonstre sentimentos facilmente, nem se surpreendam com minhas explosões de emoção inesperadas, evidentes em lágrimas, sorrisos, gargalhadas, olhares, arrepios, etc. Não esperem nada de mim; ao mesmo tempo, estejam preparados para tudo. Faço rir e chorar, acalmo e irrito. Levo a tempestade e a bonança por onde passo; tenho em mim a paz e a guerra.      
      Eu não sou um robô programado. Eu sou humano. Faço questão de ressaltar isso, com orgulho e fascínio. 
E o que sou, como sou, também depende dos outros humanos que vivem por perto. Para cada um deles, sou de um jeito, sei disso. Bom ou mau, racional ou sentimental, inocente ou malicioso, doce ou amargo, carente ou independente, esperto ou tolo, maduro ou infantil, puro ou pervertido, previsível ou surpreendente, feliz ou triste, sensato ou insano, sensível ou frio, simpático ou chato, frágil ou forte, herói ou vilão... nada disso é bem delimitado na personalidade de quem é realmente humano. Sou tudo, e sou nada também. Tenho em mim toda a essência humana.


“Humano”. Quer palavra que englobe em si mesma mais contradição e mistério do que essa?! 


2 comentários:

  1. " Não queiram que eu me emocione, me apaixone, ame ou demonstre sentimentos facilmente, nem se surpreendam com minhas explosões de emoção inesperadas" SANTOS, Alexandre Guilherme. É com esse trecho que inicio aqui meu breve comentário. Sempre em cada texto seu, percebo um pouco de mim, um pouco do que sinto. Me identifico com os personagens e compartilho de muitas emoções nesse blog descritas. Emoções dos personagens que parece se fundir, em alguns trechos, com o próprio autor, que de uma forma singela e mágica cativou um leitor. Um leitor que pouco entende de belas palavras, de um vocabulário vasto, mas que é tocado pelas suas palavras meu caro Alexandre. Me identifico com essa criatura (Im) Perfeita, que encontra em seus paradoxos uma saída. Grande Abraço rapaz!

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    1. Grande Aleone! Não se iluda, você entende de belas palavras, sim - afinal, foi impecável em seu comentário, como sempre. Agradeço pelo carinho e pela gentileza! Saiba que me sinto recompensado sempre que alguém diz se identificar com o que tentei expressar à minha maneira. Espero que continue conseguindo chamá-lo ao diálogo consigo mesmo com o que eu vier a escrever de agora em diante. Forte abraço!

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